quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Beverly Hills 90210 (1990-2000)

por Paulo Neto

Depois de "Já Tocou" e "Parker Lewis", eis que chegámos à terceira série da Santíssima Trindade de séries juvenis imperdíveis na primeira metade dos anos 90. E esta foi a mais duradoura e célebre das três, produzindo uma enorme leva de teen idols e sendo uma das séries que definiram a década de 90.



Beverly Hills 90210 estreou-se em 1990 nos Estados Unidos e em Portugal no ano seguinte. A primeira série ainda teve o título na RTP de "Febre em Beverly Hills" mas depois foi renomeada "Beverly Hills 90210" (lendo-se "noventa mil duzentos e dez"!). Ao longo de dez épocas a série, criada por Darren Starr e o lendário Aaron Spelling, seguiu um grupo de jovens da zona privilegiada de Beverly Hills a partir dos seus anos de liceu até à entrada da Universidade e o começo da vida adulta. Os protagonistas iniciais eram os gémeos Brandon e Brenda Walsh que devido a uma promoção do pai, mudam-se de Minneapolis para Beverly Hills e rapidamente se vêm integrados no ambiente glamouroso da comunidade, embora não tardem a descobrir que, por detrás das imagens perfeitas que fazem sonhar meio mundo, nem tudo é perfeito. 

Apesar das dez temporadas e de várias personagens que fizeram parte do elenco, a série é essencialmente mais lembrada pelas quatro primeiras temporadas e por oito personagens principais:



Brandon Walsh (Jason Priestley) é o principal pilar que une todo o grupo, por ser o mais íntegro e sensato. Após o choque cultural inicial, ele acaba por fazer várias amizades, tornando-se no amigo a quem todos recorrem quando tinham algum problema. Sonha ser jornalista. Mas apesar das suas virtudes, Brandon também teve algumas falhas pelo caminho, nomeadamente um vício de jogo. Priestley saiu da série na nona temporada, quando a sua personagem aceitou um trabalho em Washington.

Brenda Walsh (Shannen Doherty) é irmã gémea de Brandon, com quem sempre teve uma relação muito próxima. Brenda depressa trava amizade com Kelly e Donna e inicia um namoro com Dylan. A personagem era incialmente dócil mas foi tornando-se mais rebelde e desvirtuada (reflectindo o comportamento de  Shannen Doherty na vida real), ao ponto de se tornar a mais odiada da série. Com a muito pública expulsão da Doherty da série na quarta temporada, deu-se a explicação de que a personagem foi estudar representação para Londres.

Kelly Taylor (Jennie Garth) é a personagem mais desenvolvida ao longo da série, transformando-se da estereotipada miúda loura, rica, fútil e popular para uma mulher madura, através de vários problemas que vai encontrando (o alcoolismo da mãe, violação, depressão, drogas) e dos quais consegue dar a volta por cima. Além de ter namorado com Steve no início da série, Kelly tem um fraco por Dylan que reprime por este namorar Brenda e mais tarde vê-se dividida entre ele e Brandon.

Dylan McKay (Luke Perry) é o rebelde sem causa do liceu, que acaba por também integrar-se no grupo graças à amizade com Brandon e o namoro com Brenda. Mais tarde, envolve-se com Kelly e decide vingar a morte do pai, só que se apaixona pela filha do assassino. Depois de uma ausência em algumas temporadas, Dylan regressou nas duas últimas temporadas onde descobre que o pai está vivo, ao abrigo de um programa de testemunhas e reconcilia-se com Kelly.

Donna Martin (Tori Spelling) começa por ser uma versão mais burra de Kelly, mas tal como esta, vai-se revelando bem mais do que isso. Por exemplo, vem-se a saber que o seu fraco rendimento na escola vem de uma deficiência de aprendizagem. No liceu, namora com David e após separarem-se, passa por uma sucessão de más relações. Donna termina a série gerindo a boutique que abriu com Kelly e casando-se com David.  

David Silver (Brian Austin Green) começa como o outsider que tenta a todo o custo juntar-se à malta popular. O que  acontece quando começa a namorar Donna e o seu pai casa com a mãe de Kelly. Enquanto tenta vingar na indústria discográfica, vai tendo várias relações mas acaba sempre por voltar para Donna.

Steve Sanders (Ian Ziering) é ao início a versão masculina de Kelly, o miúdo rico, popular e superficial. A amizade com Brandon inspira-o a ser gradualmente mais maduro, embora ao longo da série, esteja sempre a armar esquemas.

Andrea Zuckerman (Gabrielle Carteris) é a geek do grupo, mais dada aos estudos do que a socializações, que nutre por Brandon uma paixão platónica que assim se manteve para bem da amizade de ambos. Andrea é o caso mais paradigmático de castings de adultos feitos para papéis adolescentes, já que Carteris tinha 29 anos no início da série (e a personagem quase metade da idade) e com o avançar da série, tornava-se cada vez mais evidente que a actriz estava longe de passar por uma adolescente. (Tal facto foi parodiado neste sketch de "Family Guy"). Talvez por isso, grande parte da história da personagem após o liceu tenha-se centrado nas atribulações da vida familiar, quando Andrea  engravida e casa-se com o barman que conheceu na Universidade.

Entre o núcleo adulto, destaque óbvio para os simpáticos pais dos Walsh, Jim (James Eckhouse) e Cindy (Carol Potter) e Nat Bussichio (Joe Tata), dono do Peach Pit, o café onde o grupo se junta. Ao longo da série, também entraram nomes como Hillary Swank, Tiffani-Amber Thiessen (com uma personagem que não podia ser mais diferente da de "Já Tocou"), Jamie Walters (que chegou a ter um curto sucesso como cantor), Lindsay Price e Rebecca Gayheart.



Estendendo-se ao longo dos anos 90, a série acabou por ser um reflexo da década, ditando tendências de moda e abordando temas como  violação, toxicodependência, alcoolismo, SIDA, direitos dos homossexuais, aborto, bulimia, suicídio e gravidez na adolescência.

Os actores tornaram-se rapidamente ídolos adolescentes em todo o mundo, nomeadamente Jason Priestley e Luke Perry, e todo um merchandising da série (crachats, material escolar, toalhas de banho, etc.) fez furor. Embora o factor glamour de fazer sonhar com uma comunidade onde toda a gente parece que ganhou o primeiro prémio numa lotaria de fortuna e bons genes, tão inacessível aos jovens do mundo real, tenha sido importante para o sucesso,  creio que o êxito da série residiu essencialmente na complexidade da trama sob uma superfície colorida e despretensiosa e nas boas interpretações do elenco, com os actores a saberem aprofundar as suas personagens e distanciá-las dos estereótipos.



















"Beverly Hills 90210" serviu igualmente como ponto de partida para outras séries como "Melrose Place" e "Models Inc.". Todos os actores têm tido uma carreira pós-série bem preenchida, entrando em vários projectos televisivos, como outras séries (por exemplo, Shannen Doherty em "Charmed"), telefilmes e até reality shows (o programa que segue a vida familiar de Tori Spelling já teve sete temporadas). Até Brian Austin Green, que tinha um dos percursos mais discretos, regressou às luzes da ribalta graças à sua relação com Megan Fox.

E além de um episódio especial em 2003, a franchise continua actualmente com uma nova série "90210" no ar desde 2008, seguindo uma nova geração de jovens residentes do célebre código postal 90210, onde Jennie Garth, Tori Spelling e Shannen Doherty fizeram participações especiais recuperando as suas personagens.

Genérico inicial da segunda temporada:

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