terça-feira, 4 de março de 2014

O Carnaval da minha infância


Aviso já que vão ficar desiludidos. Nos meus Carnavais da juventude não se passou nada de extraordinário.
Como já tenho mencionado várias vezes em artigos, sou natural de Olhão (nascido na vizinha Faro), uma cidade no litoral do Algarve.
No tempo de escola primária lembro-me de nos deslocarmos a pé para ir a uma festa na Recreativa com a minha turma, adorava ter fotos dessa altura. Não tinhamos tema pré-estabelecido e cada um foi mascarado como quis. Fora da escola, era tradição ir ver as pessoas a desfilar informalmente na Avenida principal da terra, atirar uns confettis e disparar umas bisnagas de água. Mas sem incomodar ninguém, que sempre fui muito tímido. Já não fui do tempo dos desfiles à séria, mas que pude testemunhar graças a este vídeo gravado por um conterrâneo - António do Ó Aleluia - em Super 8 colorido, "Carnaval em Olhão 1977":


O Carnaval "selvagem" de 1977 terá sido o último ou dos últimos a ser realizados, devido a "abusos" nas comemorações, segundo boatos que tenho ouvido.
Em familia às vezes saíamos da terra, no Domingo ou Terça-feira de Carnaval, para ir ver os Carnavais de Loulé e Moncarapacho. A minha parte favorita era quando atiravam dos carros alegóricos rebuçados ao povinho cá em baixo. E também ver as raparigas menos vestidas a dançar no topo dos carros, influência do Carnaval do outro lado do Atlântico. Pobrezinhas, em quase topless ao vento lá no alto. Em Moncarapacho a escala era mais modesta, com muitos carros puxados por tractores, mas ainda reunia bastante gente. Creio que tal como em Loulé em Moncarapacho também havia rebuçados que quase geravam pequenas guerras entre os espectadores para tentarem apanhar o maior número possível dos pequenos doces que fugiam das mãos estendidas e corriam pelo chão como se tiessem vida própria. Apesar de nunca ter sido grande fã da época do Entrudo, e me aborrecer um pouco a espera pelo carros alegóricos, até era divertido andar mascarado uns dias por ano.
Em tempo de Carnaval, na escola, a coisa mais deprimente que vi, foi já no 5º ano, quando sentado na minha carteira junto à janela, vi no recreio uma pobre rapariga caixa-de-óculos (na altura eu ainda não fazia parte desse grupo exclusivo) apanhar com um ovo em cheio no topo da cabeça. Que cara de tristeza quando a gema e a claro do ovo lhe escorriam lentamente pela franja, óculos e cara. Aliás, os ovos e balões de água foram durante muitos anos uma praga nesta altura do ano, visto que a a "época de caça" começava bem antes do Carnaval propriamente dito. Lembro-me que era quase impossível passar perto de uns edificios junto à Escola Secundária sem ser atingido por balões de água (água ou... bem, nem queria saber).
Os meus disfarces primavam pela originalidade e.. não, basicamente mascarava-me alternadamente de cowboy e Zorro. As provas:

No ano que quebrei a alternância, foi também o último que me mascarei: com calças de ganga envelhecidas e cheias de desenhos (que adorei fazer a caneta de feltro), pin, correntes e gel no cabelo, incorporei a besta mais temida por pais e encarregados de educação: um punk. Infelizmente não encontrei a foto que retrata esse momento de rebeldia contra-sistema.
 Oh, não... Afinal encontrei-a...Olha a peúga branca! E a minha irmã com cara de poucos amigos,a  contrastar com a foto do topo.
Bom Carnaval a todos!

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