segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Muita Lôco (1994-95)

por Paulo Neto

Mais um programa incontornável dos primeiros anos da SIC. "Muita Lôco" era um programa para o público jovem marcado pela irreverência e pela transgressão de regras do que era fazer televisão em Portugal, algo que aliás era de certa forma o apanágio da SIC nos anos 90. Pode-se dizer que foi com este programa que se iniciou o conceito de "TV em movimento", ou não fosse produzido e realizado por Ediberto Lima, o homem que mais tarde estaria por detrás de programas como "Big Show SIC" e o "Buéréré" da era Ana Malhoa. Já se podia verificar em "Muita Lôco" vários elementos que seriam expandidos nesses programas subsequentes.  





O programa foi exibido aos sábados à tarde entre 1994 e 1995 (1) , apresentado por José Figueiras. A assistência era inteiramente formada por jovens, que se mostravam constantemente eufóricos (para não dizer histéricos!). Em cada programa, discutia-se um assunto que preocupava os jovens como a droga, a saúde, os preconceitos, os ciúmes e os métodos anticonceptivos, sendo que para essa discussão marcavam presenças vários convidados, que podiam ir desde pessoas cuja profissão tinha a ver com o assunto a celebridades que iam dar a sua opinião. Por exemplo, lembro-me de Marina Mota e Rogério Samora num dos programas, ou ainda de Paula Marcelo (mulher de Camilo Oliveira) e José Mussuaili (jornalista da TVI, o primeiro pivot de informação em Portugal de raça negra) no programa sobre os preconceitos. Recordo-me ainda que o primeiro programa era sobre a identidade dos géneros e entre os convidados estavam dois travestis: um que apesar de se vestir como mulher não deixava de se identificar como homem e outro que apesar de ter nascido homem, identificava-se mais com o género feminino. Os jovens presente na assistência podiam também fazer perguntas aos convidados e dar as suas opiniões sobre os temas abordados.

Mas falar do "Muita Lôco" implica forçosamente falar da mítica assistente, simplesmente conhecida como Paulina, que ao contrário do que era habitual, era uma moça que se orgulhava das suas formas redondas e dos seus quilos a mais. Paulina surgia em cada programa com um disfarce diferente e com o tempo, foi-se tornando cada vez mais interventiva no programa.


Presença habitual no programa era banda residente, obviamente denominada Banda Muita Lôco, liderada por Rodrigo Leal, filho de Roberto Leal. A banda chegou a editar dois CD, na maioria constituídos por covers rock de temas conhecidas e por faixas onde José Figueiras demonstrava os seus famosos de dote de canto tirolês. Mas além da banda residente, várias bandas nacionais actuaram no programa. 

Eu via o programa de forma mais ou menos regular e embora a premissa fosse interessante e o conceito fosse bastante inovador para o Portugal de então, por vezes achava-o cansativo, com as câmaras que não pareciam estar quietas e o público quase sempre a roçar a histeria, mesmo em momentos em que não havia grande motivo para tal. Como ficou exemplificado no Tesourinho dos Gato Fedorento, o mesmo onde se verifica, sem sombra de dúvida, que o Jorge Rocha tinha TANTO ESTILOOO!



(1) Em vários sítios da internet, existe a informação que o Muita Lôco durou de 1994 a 2000, o que não é correcto. O programa tal como é lembrado neste cromo foi exibido entre 1994 e 1995, sendo depois substituído pelo "Top SIC". Em 2000, houve um breve reboot do programa, usando o título e a mascote do programa antigo e também com a apresentação de José Figueiras, mas pelo que me recordo era essencialmente um programa musical, sem o espaço de debate.        

Início do primeiro programa:

           

Excertos do programa:


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