quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Feira de S. Miguel - Olhão - Anos 70



"A Feira de São Miguel realiza-se anualmente no concelho de Olhão há cerca de 127 anos. As primeiras referências ao nome de São Miguel surgem por volta do ano de 1968(1). Quanto ao espaço ocupado pela Feira, temos conhecimento que em 1924 a mesma tivera lugar no Largo das Prainhas e que em 1928 estava localizada no largo anexo à litografia velha e Avenida de Bernardino da Silva. Em 1983 esteve localizada junto ao estaleiro de Olhão. Posteriormente tem sido mudada para outros locais, devido às condições do terreno não serem as melhores para o seu estabelecimento, como também devido à grande afluência de feirantes e visitantes que à Feira acorrem anualmente." in Preâmbulo do "Regulamento da Feira de São Miguel | 2003".

No canto inferior esquerdo: O Circo Brasil. 

"Em 1752 já ali se efectuava, não se sabe desde quando, uma feira anual nos dias 28, 29 e 30 de Setembro (então, como hoje ainda, chamada Feira de S. Miguel)(2), que um alvará régio daquele mesmo ano autorizava que passasse a ser feira franca, tal a importância que ela, e a povoação, vinham ganhando(...)"
"Ao construir o Passeio Público nos terrenos que até aí constituíam o Campo da Feira, a Câmara Municipal decidiu que as feiras anuais passassem a realizar-se nas Praínhas, que então eram ainda quasi só alagadiços, mas que para o efeito começou logo a aterrar e sanear. Enquanto este aterro não foi concluído, o que demorou ainda não poucos anos, as feiras efectuaram-se nos adros anterior e laterais da Igreja Matriz (o primeiro que já então se chamava Largo da Igreja) e nas ruas adjacentes. Actualmente (1984) as feiras efectuam-se em terrenos da antiga Horta de Martins de Brito, a Sul do Hospital, para onde passaram quando, em 1982, foi construído nas Praínhas, um bairro de 120 casas pré-fabricadas." in "História Breve da Vila de Olhão da Restauração" (Antero Nobre, 1984)

Carrosséis e os carrinhos de choque.

É precisamente nesse ultimo local que recordo a maioria das Feiras da minha infância e juventude, num terreno junto à doca e zona industrial. Entretanto, nos últimos anos passou por vários locais, desde  um descampado no extremo oposto da terra por detrás do "Ciclo" ao regresso à zona das Praínhas. Depois de algum tempo sem se realizar, renasceu em 2014 - organizada por uma empresa privada - num parque de estacionamento dezenas de metros do local onde a conheci. 
Das minhas recordações da Feira de São Miguel, lembro-me de lá comprar vários dos meus brinquedos favoritos, os Transformers piratas, metralhadora barulhenta - que se não me engano foi rapidamente destruída pelos meus pais, para evitarem ouvir os ruídos estridentes (NOTA: disseram-me que essa compra foi noutra altura), uma espingarda a ar que disparava um rolha presa a um cordel, uma besta de plástico, etc.
Tenho pena de ter feito anualmente os meus pais sofrerem com a indecisão em que brinquedo comprar. Geralmente só me decidia quase na saída da Feira, e toca a voltar para trás para encontrar a barraca que vendia o objecto desejado.

No canto superior esquerdo "O Poço da Morte".
Nunca fui muito fã de carrosséis que se movem a alta velocidade ou a alturas pouco recomendáveis. Gosto de ver, mas não contém comigo para montanhas russas (que não recordo de ver nesta Feira), rodas gigantes ou carrinhos de choque. Na infância os meus favoritos eram os pequenos carroceis em forma de foguetes ou barcos (com água por baixo e tudo) que se limitavam a girar num eixo horizontal. Actualmente a Feira já não tem a importância de outros tempos, em que era uma das únicas alturas do ano (junto com a extinta Feira de Maio) em que os olhanenses tinham acesso a certos produtos e entretenimentos. Tradicionalmente, a Feira acontece em época de chuvas que até pouco tempo transformavam o terreno num lamaçal (actualmente, há asfalto por todo o lado). Mas em compensação, havia todo o tipo de distracções, desde a casa assombrada, barraquinhas de tiros (coisas que nunca experimentei);  a gulodices vendidas nos carrinhos ou roulotes de algodão doce, farturas, pipocas, etc. Elemento que sempre odiei nas Feiras desse nosso Portugal: a música aos berros dos variados carrosséis e vendedores. Ainda hoje classifico aquelas aberrações musicais electrónicas que as crianças dançam nas discotecas como "música de feira". Também sempre me deu pena  - mas algum fascínio - ver os animais exóticos que iriam actuar no Circo e que por vezes estavam em "exposição" ao lado da tenda.

Há uns anos consegui uma cópia das filmagens que António do Ó Aleluia efectuou pela terra a longo dos anos 70 e 80, em Super 8 colorido; e coloquei alguns excertos online:



Uma versão "melhorada", pelo menos com cores melhores e o som mais alto. Peço desculpa, mas esta gravação foi obtida através de uma velha cópia em VHS que por sua vez era uma gravação de Super-8 amador:



Foi deste vídeo que retirei as imagens para ilustrar o artigo. A certa altura do vídeo surge a data de Outubro de 1989, que terá sido quando o filme foi copiado para VHS. Não tenho a data concreta da Feira filmada, mas pelas vestimentas arriscaria final dos anos 70. No vídeo é possível identificar o Circo Brasil (aos 45 segundos). Os meus pais já me têm falado da época em que chegou a haver 3 circos em simultâneo.(3)


NOTAS:
(1) (2)- A contradição do nome da Feira ("Feira de S. Miguel" ou "Feira de Olhão") é evidente. Recorrendo a uma fonte mais antiga, o "Monografia do Concelho de Olhão" (Ataíde Oliveira, 1906), o autor menciona-a somente como "feira de Olhão":
"Monografia do Concelho de Olhão" (Ataíde Oliveira, 1906, página 165, 3ª Edição)
(3) - Facto confirmado por Ana Isabel Vieira no Grupo Olhão: "Ainda me lembro da feira com 3 circos e de ir ver artistas famosos a actuar no circo. Havia o dia da dama e cavalheiro onde as senhoras não pagavam. Isso é que eram feiras normalmente fazia-se um mealheiro durante o ano que só era partido no dia da feira para se comprar os brinquedos. Bonecas (...)".


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