terça-feira, 27 de outubro de 2015

007-GoldenEye (1995)

por Paulo Neto

Nos anos 90, ao fim de trinta anos, a saga cinematográfica 007 continuava a ter muitos fãs mas chegava uma encruzilhada. Primeiro, porque o mundo entretanto tinha mudado bastante desde o último opus "Licença Para Matar" (1989), com a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética, pelo que já não fazia sentido ter James Bond a limpar o sebo a uns quantos "camaradovskis". Depois porque estávamos nos períodos em que os blockbusters de acção eram cada vez mais sofisticados e não faltava quem questionasse se a personagem ainda seria relevante no mundo moderno e se não seria melhor deixá-la ficar como relíquia do passado. Por fim, porque os cinco filmes da saga nos anos 80, protagonizados por um já bem veterano Roger Moore e depois por um competente mas pouco carismático Timothy Dalton (para além do título não oficial "Nunca Mais Digas Nunca" onde Sean Connery fazia de um James Bond na pré-reforma), foram bem recebidos mas não inspiravam a mística dos filmes das décadas anteriores. A produção para o terceiro filme protagonizado por Timothy Dalton, o último do seu contracto, iniciou-se em 1990, mas por entre estas questões e várias disputas legais que surgiram entretanto, acabaram por adiar o projecto, e Dalton renunciou oficialmente ao papel de Bond em 1994.





Como tal, para assegurar a continuidade do sucesso da saga, foram precisas várias mudanças. Mas quando "007-GoldenEye" estreou em 1995 e renovou o interesse na saga, quer nos fãs convictos quer entre uma nova geração, as dúvidas foram dissipadas. O filme, realizado por Martin Campbell, marcou a estreia de Pierce Brosnan como o quinto actor no papel de James Bond. Entre outras novidades, contava-se Judi Dench como a primeira mulher no papel de M e Samantha Bond como a nova Miss Moneypenny. Já Desmond Llewynn desempenhou o papel de Q pela décima quinta vez. Quanto às duas Bond Girls, a escolha recaiu em duas desconhecidas beldades europeias: a holandesa Famke Janssen e a sueca de origem polaca Izabella Scorupco. E o vilão era nada menos que o agente 006, interpretado por Sean Bean.



No filme, James Bond investiga a associação criminosa Janus, nome pelo qual o misterioso líder é conhecido. Um dos mais temíveis membros do grupo é Xenia Onatopp (Janssen), uma antiga agente da força aérea soviética de origem georgiana, uma mulher literalmente fatal, que tem especial prazer em matar as suas vítimas asfixiando-as com as suas pernas. Onatopp e seus cúmplices atacam um centro espacial na Sibéria para se apoderarem do controlo dos satélites GoldenEye, que na verdade são umas armas clandestinas desenvolvidas pela União Soviética. Os únicos sobreviventes desse ataque são a programadora Natalya Simonova (Scorupco) e o seu chefe Boris Grishenko (Alan Cumming), que se revela um cúmplice de Janus. 
Em São Petersburgo, Bond descobre que Janus é Alec Trevelyan (Bean), o ex-agente 006 do MI6 e seu antigo amigo, que tinha supostamente morrido numa missão com Bond em Arkhangelsk, na sequência inicial do filme. Trevelyan pretende atacar o Reino Unido por quem culpa pela morte dos seus pais e causar um colapso financeiro global roubando o Banco de Inglaterra. Com a ajuda de Simonova, a quem obviamente lança o seu mítico charme, Bond persegue Trevelyan e Grishenko até Cuba para impedir o ataque do segundo satélite.




"007-GoldenEye" (o nome da propriedade jamaicana onde Ian Fleming escreveu muitos dos seus livros da série James Bond) foi um sucesso, contribuindo para a revitalização e relevância da saga 007. O desempenho de Pierce Brosnan foi elogiado por trazer uma dimensão mais psicologicamente profunda à personagem sem perder o humor e o jeito para o engate que a caracterizam. E claro, o público feminino de todas as idades não ficou indiferente ao bom aspecto do actor irlandês, então com 42 anos. Por exemplo, a minha mãe, sempre que via Brosnan na televisão ou nas revistas, dizia sempre "Olha o giraço!".  
Portugal também não escapou a todo o hype que rodeou a estreia do filme. A TVI exibiu a série "Remington Steele" que Brosnan protagonizara nos anos 80 (com o infeliz título de "Quase Modelo, Quase Detective") e a SIC exibiu todos os filmes da saga 007 por ocasião das estreias quer no cinema quer na televisão, creio que em 1997.



Outra célebre marca dos filmes da saga é o tema da abertura. E para "007 - GoldenEye", a escolha foi mais uma vez certeira com Tina Turner a interpretar o tema homónimo, escrito por Bono e The Edge dos U2. Outra inovação foi a criação de um jogo de vídeo inspirado no filme, lançado em 1997 para grande aceitação do público e da crítica, tendo sido o terceiro jogo mais vendido de sempre para a Nintendo 64 e ainda hoje visto como uma das grandes referências dos "shooter games".



E o que é feito das duas Bond girls? Ao contrário do filme, a vilã é que levou a melhor com Famke Janssen a ter o seu papel mais célebre como Jean Grey dos filmes da saga X-Men, para além de também deixar a sua marca nos filmes da trilogia "Taken" e na série "Nip/Tuck". Quanto a Izabella Scorupco, entrou em "Limite Vertical", "Reino De Fogo" e "O Exorcista: O Princípio" mas embora ainda resida nos Estados Unidos, desde 2007 que a sua carreira voltou a ser baseada na Suécia.

Trailer:



Tina Turner "Goldeneye"

Videoclip:


Sequência de abertura:



Abertura do jogo de vídeo:



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4 comentários:

  1. Um belo artigo. Pelo que eu ouvi falar, este filme do 007 foi bem-sucedido, mas o genérico, em que há uma "boazona" de cinta e sutiã, a destruir a foice e o martelo, foi um bocado exagerado, a meu ver, mas fora isso, o filme tinha tudo para ser um filme de sucesso.
    Na música de genérico, eles acertaram em cheio, como sempre. Além da histórica Tina Turner, as canções épicas do 007, que marcaram gerações, são "Goldfinger" e "Os Diamantes São Eternos" de Shiriley Bassey, a canção de Tom Jones, do filme "007 - Operação Relâmpago", a canção "From Russia with Love" do filme "007 - Ordem para Matar", a canção do filme "007 - O Agente Irresistível", e a canção do filme "007 - Operação Tentáculo", sem falar das mais recentes "Skyfall" de Adéle, e "Morre Noutro Dia" de Madonna.
    Falo das canções, não dos filmes. Aliás, recentemente comecei a acompanhar os filmes 007, pois eles faziam parte da minha infância, com o bombardeamento feito pela SIC, mas mal vi um excerto do "007 - Goldfinger" na RTP/1, fiquei fascinado, pois o estilo fazia-me lembrar a histórica série "O Santo" com Roger Moore, que futuramente será reexibida na RTP Memória.
    E na minha modesta opinião, sem rebaixar o desempenho dos outros actores, os actores mais bem-sucedidos desta saga foram decididamente Sean Connery e Roger Moore, pois eles souberam dar à personagem o ênfase que ela necessitava.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Antes da Tina, os Ace Of Base gravaram uma canção para o filme mas a editora deles também tinha dúvidas se um novo filme 007 teria sucesso e impediu que o projecto fosse avante. Mais tarde o grupo gravaria uma versão alterada em 2002 sob o título "The Juvenile". Mas já vi no YouTube um vídeo com a versão original com as imagens do genérico.

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    3. Caro amigo, obrigado pelas informações.

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