sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Fábulas da Floresta Verde (1973)

por Paulo Neto

As crianças dos anos 80 tiveram várias ocasiões onde ficaram entregues à bicharada. Isto porque eram várias as séries animadas protagonizadas por animais e onde os humanos pouco ou nada intervinham, como "Bana & Flapi", "Jacky, O Urso De Talac" e "O Panda Tao Tao". Mas pessoalmente, dentro desse rol, a minha série preferida era as "Fábulas Da Floresta Verde", uma série anime japonesa de 1973 e estreada em Portugal em 1985 (na versão americana de 1978) e repetida algumas vezes na RTP nos anos seguintes.



A série era baseada numa série de livros com histórias de animais da autoria do americano Thornton Waldo Burgess e focava nas aventuras de um vasto grupo de animais que coabita na Floresta Verde, situada algures na América do Norte. Nos primeiros episódios, a série era focada numa jovem marmota chamada Joca, que primeiro surge como uma cria a seguir os conselhos dos pais e que depois parte para a sua vida independente, descobrindo as peripécias, os perigos e as alegrias de viver na floresta, com a ajuda de uma marmota fêmea chamada Mara, a primeira de muitos amigos que fará na Floresta Verde. (Na altura em que a série estava a ser exibida na RTP, eu tinha um vizinho de nome João, mais conhecido por Joca, com quem eu brincava na minha rua, e uma das raparigas no meu grupo de catequese chamava-se Mara. Como tal, eu imaginava que eram versões humanas dessas personagens, como se essas marmotas animadas se tivessem transformado em miúdos de carne e osso só para conviverem comigo!).

Joca e Mara


Embora Joca e Mara continuassem  a ser os protagonistas relativos ao longo da série e eram muitas vezes aqueles a quem os outros animais recorrem para os ajudar em várias situações, a série rapidamente acabava por dar igual destaque aos outros animais, com cada um a protagonizar um episódio à vez. Alguns desses animais são amistosos como o coelho Pompom, o esquilo Quico, o Avô Rã, o castor Engenhocas, a lontra Zeca, a doninha Faísca, o texugo Gugu, o ratinho Nestor, o rato Tio Rodolfo ou o urso Ursolino. Outros são um pouco irritantes como o gaio Avelar, sempre a avisar os animais da floresta das novidades, sobretudo as mais terríveis para que ele possa repetir: "É terrível! É terrível! É terrível!" e outros são bastante traiçoeiros como o Raposinho, a Avó Raposa, a lontra Tói e o Coiote. É dessa convivência ora pacífica ora tensa entre os diversos animais da floresta, afinal tão semelhante à dos animais da vida real, que se construía a série.

Raposinho
Quico
Pompom
Ursolino
Avelar


Os seres humanos também marcavam presença na história, até porque perto da Floresta havia a quinta do Sr. Silva. Mas essas figuras humanas eram retratadas como seres misteriosos e duvidosos, cuja aproximação não se recomenda, geralmente vistos de costas ou à distância. Provavelmente, da mesma forma como os animais da floresta vêem os humanos na vida real. Foram raras vezes que a série mostrou rostos humanos, como o do João, o filho do Sr. Silva, que costuma armar armadilhas para os animais.

"Fábulas Da Floresta Verde" era uma série particularmente colorida e divertida e que não tardou a cativar os mais pequenos. Uma vez mais, teve um excelente trabalho de dobragem portuguesa onde participaram António Feio, Carlos Daniel, Irene Cruz, Isabel Ribas, João Lourenço, João Perry, José Gomes e Luísa Salgueiro. Também teve o seu merchandising que incluía a inevitável caderneta de cromos, bonecos em PVC, calendários oferecidos com os gelados Globo e uma revista de banda desenhada que segundo o site Brinca Brincando, era directamente traduzido da versão espanhola, com o título "Fábulas do Bosque Verde" e nomes de personagens diferentes como por exemplo, o Joca e a Mara a serem chamados de Joãozinho e Joaninha, por causa dos nomes espanhóis Juanito e Juanita. Também foi um lançado um jogo de tabuleiro e mais tarde uma edição da série em DVD.






Mas claro está, um dos aspectos mais memoráveis da série era o tema de abertura que era da autoria nacional, expressamente composto para a série (algo que creio ter sido caso único), com música de Tozé Brito e letra de António Avelar Pinho. Toca a cantar:

É bom ver na floresta o Sol nascer
É bom imaginar o que irá acontecer
São tantas amizades, são histórias de amizades
Que vão nossos amigos animais viver.

São mil aventuras entre os animais
Fabulosas fábulas de encantar
São mil aventuras, são sensacionais
Fabulosas fábulas que nos fazem sonhar
Que nos fazem sonhar
Que nos fazem sonhar

Genérico:


Versão completa do tema do genérico:




Episódio 47 "A Vaidade do Avelar"


    

         

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1 comentário:

  1. Cresci com esta série... E do Panda Tao Tao... As histórias tão simples, sinceras e sem maldades... E com muita moral... Engraçado que o meu filho também gosta de ver os episódios no YouTube...

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