quarta-feira, 1 de junho de 2016

Miss Universo (2000-2004)

por Paulo Neto

Volta e meia, os textos da Enciclopédia sobre as beldades que foram Miss Universo nos anos 80 e anos 90 geram algum interesse por parte dos leitores. Por isso, e como o blogue já tem abordado temas do início do século XXI, porque não falar sobre as Miss Universo da primeira metade da década passada?
Esta foi a época onde os concursos de beleza deixaram de interessar em Portugal. Primeiro, a Miss Universo e outros certames deixaram de ser emitidos em canal aberto e a eleição da Miss Portugal tal como foi durante anos organizada terminou em 2002. Em 2004, a SIC organizou uma eleição de Miss Portugal em formato reality show, de título "Um Sonho De Mulher", onde por exemplo concorreram a apresentadora Andreia Rodrigues e a actriz Inês Simões, mas a eventual vencedora, a madeirense Marina Rodrigues (que viria a vencer em 2006 outro reality show, "A Bela E O Mestre") nunca chegou a participar na Miss Universo.

O top 5 da edição de 2000

Miss Rússia no desfile de fato de banho (2002)

O top 5 de 2003 à espera dos resultados finais
Estados Unidos ou Austrália? Quem ganharia em 2004?

No entanto no resto do mundo, os concursos de beleza nacionais e internacionais continuavam em força e com mais ou menos polémica (ou não fosse na altura propriedade de Donald Trump), a Miss Universo continuava a ser o beauty pageant mais importante do mundo.



Em 2000, a eleição da Miss Universo teve lugar na ilha de Chipre, onde Afrodite terá nascido, naquela que foi a apenas a segunda vez que o evento se realizou na Europa (a primeira foi em 1973 em Atenas). E a coroa foi parar pela segunda vez à cabeça de uma indiana, Lara Dutta
E como é apanágio das indianas, Lara fez-se valer tanto da sua beleza como do seu cérebro, não brilhando apenas em fato de banho e vestido de noite, mas sobretudo na parte da entrevista, onde teve a maior pontuação de sempre, e na pergunta final. 
Curiosamente, o seu caminho rumo à vitória foi semelhante ao da outra Miss Universo indiana, Sushmita Sen, que vencera seis anos antes. Ambas terminaram empatadas com outra candidata na respectiva eleição de Miss Índia, ambas venceram graças a uma pergunta de desempate e a adversária que bateram acabaria por vencer a Miss Mundo no mesmo ano e tornar-se muito conhecida internacionalmente. No caso da Lara Dutta, essa adversária foi Priyanka Chopra, a protagonista da série "Quântico". 
Lara também tornou-se actriz de sucesso, pois os pedidos vindos de Bollywood não tardaram a chegar, e desde 2014 é coordenadora da eleição da representante da Índia para a Miss Universo.



Em 2001, a porto-riquenha Denise Quiñones estava a jogar em casa e tornou-se a quarta Miss Universo da ilha de Porto Rico. Porém muitos acharam que ela foi demasiado favorecida pelo factor casa e que a vitória devia ter ido para a 1.ª Dama de Honor, a grega Evelina Papantoniou. A concorrente mais controversa foi a Miss França, Élodie Gossuin, sobre quem correram rumores de ser trans-sexual! Claro que era mentira, mas à custa da polémica, Élodie entrou no top 10 e mais tarde viria vencer a Miss Europa. Quem também entrou no top 10 foi a nigeriana Agbani Darego que seria Miss Mundo nesse ano. 
Denise Quiñones tornou-se actriz, tendo entrados em filmes, peças de teatro e série como "Smallville".



Porto Rico voltou a ser o cenário para a edição de 2002. Porém desta vez a candidata de casa ficou de fora. E o mesmo se passou com a Miss Estados Unidos, apenas a terceira vez que os States ficaram de fora! Mas pela primeira vez, uma candidata da China chegou ao top 10 e foi 2.ª Dama de Honor. A vencedora essa foi indiscutível, com a bela Oxana Fedorova da Rússia, uma polícia de São Petersburgo,  a dominar facilmente a competição. 
Porém após apenas quatro meses de reinado, Oxana tornou-se a primeira Miss Universo a abdicar do título por "incapacidade de cumprir os seus deveres". Oficialmente, ela explicou que queria concentrar-se nos seus estudos de Direito. Consta que essa decisão também foi provocada pela má experiência ao ser entrevistada por Howard Stern.  
Oxana viria a tornar-se uma figura importante do showbiz russo, como apresentadora de televisão e ocasionais incursões como actriz e cantora. Mesmo destronada, é considerada por muitos como a mais bonita Miss Universo de sempre.



Como tal, pela primeira vez na história do certame, a 1.ª Dama de Honor substituiu as funções da vencedora durante o resto do reinado. Justine Pasek tornou-se portanto não só a primeira Miss Universo do Panamá como a primeira Miss Universo a não ser coroada na cerimónia televisiva. 
Curiosamente, tal como Oxana, Justine tinha nascido na União Soviética, na cidade ucraniana de Kharkiv, filha de pai polaco e mãe panamiana. 
De referir ainda que a 3.ª Dama de Honor de 2002 foi a sul-africana luso-descendente Vanessa Carreira que dois anos antes foi uma das concorrentes a Miss Portugal. A representante portuguesa foi Iva Lamarão, que seria a última participante de Portugal na Miss Universo até 2011. 



Foi precisamente no Panamá, o país de Justine Pasek, que teve lugar a edição de 2003. Pela primeira vez em vários anos, o número de semifinalistas foi alargado de dez para quinze. Portugal esteve ausente mas a lusofonia ficou muito bem representada com as candidatas de Angola e Brasil a entrarem no top 15. A japonesa Miyako Miyazaki fez furor com o seu ousadíssimo "vestido" de noite mas a vitória foi para Amelia Vega, que assim trouxe a primeira coroa para a República Dominicana, que aos 18 anos foi uma das mais jovens Miss Universo de sempre.
Após o reinado, Amelia prosseguiu a sua carreira de modelo e também enveredou pela música, ou não fosse ela sobrinha de Juan Luis Guerra, o famoso cantor de "Burbujas De Amor". É casada desde 2011 com o jogador da NBA Al Horford de quem tem um filho. 



Quito, a capital do Equador, acolheu a edição de 2004. Uma grande surpresa foi o facto da Miss Venezuela não ter sido semifinalista pela primeira vez desde 1982, quando esta grande potência de misses nem sequer falhava o top 5 desde 1991! Quem também ficou de fora do top 15 foi a Miss Ucrânia, Oleksandra Nikolayenko, que era a preferida de Donald Trump. Este ficou tão irritado pela exclusão de Oleksandra que a partir daí, chamou a si o poder de decisão da escolha de algumas candidatas para o top 15. Também de fora ficou a Miss Israel que era nada menos que Gal Gadot, actualmente conhecida pelo seu papel de Wonder Woman em "Batman vs. Superman". 
Porém cedo ficou claro que a vitória seria decidida entre duas louras: a americana Shandi Finnessay, do estado do Missouri, que parecia ter tudo para ser a oitava Miss Universo dos Estados Unidos e a australiana Jennifer Hawkins, que não era das favoritas mas que acabou por conquistar tudo e todos com a sua beleza e simpatia. E no final foi mesmo Jennifer que conquistou a coroa, a segunda para a Austrália, após a vitória de Kerry Ann Wells em 1972. 
Jennifer Hawkins tornou-se rapidamente uma estrela no seu país, tendo uma muito bem sucedida carreira como modelo, empresário e apresentadora de televisão. E provando que ninguém é perfeito e que até uma Miss Universo não está livre de algumas situações embaraçosas, um vídeo onde Jennifer Hawkins vê a sua saia a cair em plena passerelle (revelando a tanga fio dental que tinha por baixo) durante um desfile de moda tornou-se viral. 


      

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