terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Programação RTP 31 de Janeiro de 1979



No dia que eu vim ao Mundo, 31 de Janeiro de 1979, não se comemora nada (1) tão épico como a Revolução dos Cravos como no caso do meu colega Paulo Neto, que há uns anos dedicou um cromo à programação televisiva do dia em que nasceu ["Programação RTP 25 Abril 1980"], mas vale a pena dar uma olhadela aos primeiros programas a que poderia ter assistido, recém-nascido, se houvesse televisores na maternidade do antigo Hospital de Faro.

Vamos então consultar o "Diário de Lisboa" de 31 de Janeiro de 1979, uma quarta-feira.



Como a programação do próprio dia só estava indicada a partir do final da tarde, tive que me socorrer do resumo da programação do jornal do dia anterior.
Portanto, na RTP-1 - o "I Programa" a emissão começou ás 09:15, sensivelmente a hora do meu nascimento. O programa, um palavrão chamado "Ano Propedêutico", que foi a primeira experiência nacional com ensino superior à distância, o antepassado da "Universidade Aberta".

Ás 13:25 continua a escola à distância, com o "Ciclo Preparatório TV". No grupo de Facebook "Ciclo Preparatório TV" é referido que um dos temas de abertura da disciplina de Matemática era o tema "The Robots", dos Kraftwerk. Um programa "Perdidos e Achados" recorda os tempos da Tele Escola. Sempre me fez espécie existir aulas na TV, que para mim eram (seria mais tarde, claro) desenhos animados e os meus adorados "mécamos".

Ás 18:30, o serviço noticioso em versão rapidinha: "Sumário" que se sumariava da seguinte forma: "Títulos da actualidade nacional e internacional".

18:35 era hora de ouvir o hino da Eurovisão a anteceder a transmissão em directo de Zagreb do "Campeonato de Patinagem Artística". (foto acima) Os vencedores da edição de 1979 foram: Individual masculino: Jan Hoffmann (RDA, a Alemanha de Leste); Individual feminino: Anett Pötzsch (RDA); Duplas: Marina Cherkasova / Sergei Shakhrai (União Soviética); Dança no gelo: Natalia Linichuk / Gennadi Karponosov (União Soviética).

Depois das piruetas e acrobacias, ás 20:00 a realidade portuguesa e estrangeira no "Jornal RTP-1" o novo nome do "Telejornal". e claro, o "Boletim Meteorológico". Aqui em casa, e imagino que no resto do país, quando dava O Tempo era momento sagrado de aguardar as previsões para os próximos dias. Hoje em dia, até o Facebook nos avisa quando vai chover na nossa zona.

Chegados ás 20:30, o episódio 78 da telenovela brasileira "O Astro", de que ainda ouvi falar vários anos depois de ser exibida.




Ás 21:20, "Literatura Sem Gravata", "um programa cultural com autoria de Álvaro Manuel Machado, (...) que procurava divulgar sobretudo a literatura portuguesa. Constava de duas partes. Na primeira intitulada dia - a - dia do escritor, falava-se de um autor em particular: da sua obra, dos seus métodos de trabalho, da sua vida... A segunda parte constituía uma miscelânea de temas ligados à literatura, como crítica de livros, vendas, conselhos de leitura, etc.", segundo o site da RTP. Literatura, em horário nobre! Só nos anos cromos!

Finalmente, ás 22:15, a série norte-americana "O Planeta dos Macacos" de 1974 - inspirada no filme homónimo ("O Homem Que Veio Do Futuro" em Portugal) de 1968 e as suas sequelas - com o episódio  Nº 3 da única temporada de 14 episódios: "A Ratoeira" ("The Trap"). O tema do genérico - de Lalo Schifrin ("Missão Impossível") é bastante perturbador:



É possível ver o episódio na integra no Dailymotion "Planet Of The Apes [1974] Ep 03". Na época, os portugueses viram tudo a preto-e-branco obviamente (ainda faltavam alguns meses para a primeira emissão a cores, os "Jogos Sem Fronteiras"; e mais de um ano para o começo das emissões regulares em cor).

Ás 23:10 chegava o último serviço informativo do dia, o "24 Horas".
Dez minutos depois, era o "Fecho" da emissão, hora de desligar o televisor.


Voltando as nossas atenções para a RTP-2, aliás, "II Programa", a emissão iniciava apenas ás 18:45 com - adivinharam - o "Ano Propedêutico" (a programação acima tem a hora errada). Depois das aulas, ás 20:32, continuação do directo de Zagreb via Eurovisão: "Campeonato de Patinagem Artística". O programa seguinte, "Directíssimo" estava divido em duas partes, a primeira ás 21:00 e a segunda às 22:30, separados pelo "Informação-2", o noticiário nocturno do "II Programa". Uma nota chama a atenção do espectador para a possibilidade da transmissão do "Directíssimo" poder ser atrasada 30 minutos por algum eventual prolongamento dos Campeonatos de Patinagem Artística. No 2º canal a hora do "Fecho" ainda era mais cedo: 23:30.

Desconheço o conteúdo do "Directíssimo", mas - excluindo o "Planeta dos Macacos" - parece-me que se viajasse no tempo a esse dia eu iria passar um dia aborrecido em frente à televisão.

(1) Para ser justo, a 31 de Janeiro assinala-se a efeméride da primeira revolta republicana contra a Monarquia, a 31 de Janeiro de 1891.


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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Senhora Pimentinha (1983-84)

por Paulo Neto

Eis mais uma das séries de animação que todos aqueles que cresceram nos anos 80 recordam com saudades. No entanto, e ao contrário de várias outras séries, inexplicavelmente esta nunca foi reposta pela RTP nem teve edição em VHS e/ou DVD pelo menos cá em Portugal.



"A Senhora Pimentinha" ("Spoon Obasan" no original) foi uma série japonesa de animação produzida pelos estúdios Pierrot entre 1983 e 1984, tendo sido exibida na RTP entre 1986 e 1987, no célebre espaço infanto-juvenil "Juventude e Família". A série continha 130 episódios de cerca de sete minutos que por cá foram exibidos em blocos de três episódios. 

A série era baseadas nas histórias escritas nos anos 50 pelo autor norueguês Alf Proysen, com o título original "Teskjekjerringa" ("a senhora da colher de chá"), mas mais conhecidas internacionalmente pelo título inglês "Mrs. Pepperpot". A Senhora Pimentinha é uma simpática senhora já entradota que vive numa aldeia algures na Escandinávia rural que traz sempre ao pescoço uma colher de chá como pendente, com uma paciência infinita para os azeites do marido, o temperamental Senhor Pimenta, que é pintor de paredes.


Por motivos insondáveis, a Senhora Pimentinha de vez em quando diminui de tamanho, ficando do tamanho da colher durante um determinado período de tempo. Se por vezes essa situação é bastante inconveniente para Pimentinha, sobretudo quando está a fazer algo como lavar a roupa ou pintar uma cerca, tarefas fáceis no seu tamanho normal mas quase impossíveis quando está pequenina. No entanto, Pimentinha acaba por descobrir vantagens em ficar pequena, como a possibilidade de falar com os animais e viver aventuras no reino animal além de resolver situações problemáticas com a coragem e o bom humor que a caracterizam.


Enquanto está pequena, a Senhora Pimentinha consegue falar não só com os seus animais de estimação como o Pantufa, um cão muito preguiçoso, Hipólito, um gato matreiro e Cristina, uma galinha sempre insatisfeita, mas também com os Haiken, uma família de ratos que mora debaixo do soalho da sua casa, ou ainda outros animais que se tornam seus amigos como a Senhora Corvelo, uma fêmea de corvo que a transporta para a floresta quando está pequena, Zum-Zum, um moscardo que lhe fornece várias informações, Ranina, uma rã que a ajuda quando a situação mete água (literalmente) e o morcego Nicolau, que a ajuda nas aventuras nocturnas.





Ao princípio, ninguém sabe desta particularidade da Senhora Pimentinha, nem sequer o próprio marido. A primeira é descobrir é Lili, uma misteriosa menina que vive no bosque e que traz sempre o seu vison Tico à volta do pescoço como se fosse uma estola, que a partir daí torna-se a grande amiga de Pimentinha. Esta também acaba sempre por se envolver nas diabruras de três meninos da vizinhança: Zezé, o aventureiro, Neca, o engenhocas e Chico, o típico cabeça no ar. 

Como é habitual, a série teve uma excelente dobragem portuguesa, dirigida por António Montez e que incluiu nomes como Luísa Salgueiro (que fez a voz da protagonista), António Feio, Argentina Rocha, Leonor Poeira (não confundir com a Leonor que tem o apelido no plural) e Margarida Rosa Rodrigues.





Como também não podia deixar de ser, "A Senhora Pimentinha" também teve honras de edição de uma caderneta de cromos e de bonecos em PVC fabricados pela Maia & Borges. Também foram editados livros de histórias e de colorir. Eu lembro-me de me oferecerem dois livros de colorir de "A Senhora Pimentinha" num aniversário.

No canal de YouTube de Mónica Albuquerque, uma seguidora da "Enciclopédia de Cromos", existe uma playlist com 25 episódios da série:


Starman (1986-87)



Não são de agora as séries que re-imaginam ou desenvolvem filmes que foram êxito no cinema ("Buffy - A Caçadora de Vampiros", "Rambo - The Force Of Freedom", "The Real GhostBusters", "RoboCop", etc). "Starman" (1986-87) é outro exemplo, uma série de TV que continuava a história do filme homónimo de 1984, realizado por John Carpenter (”Veio do Outro Mundo”, etc) e protagonizado por Jeff Bridges (”Tron”). 

Poster de "Starman" (1984)
No pequeno ecrã o extraterrestre pacífico que vive entre os humanos foi interpretado por Robert Hays (o piloto Ted Striker de “Aeroplano”). 



 O genérico inicial:





O plot de cada episódio funcionava como o do "Cão Vagabundo" ou "Um Anjo na Terra": a dupla protagonista andava de terra em terra a ajudar os necessitados.



A diferença é que a dupla era um extraterrestre num corpo clonado de um fotógrafo falecido - Paul Forrester (Hays) - e o seu filho de 15 anos, (Scott Hayden Júnior, o actor Christopher Daniel Barnes, que podem conhecer como a voz do Homem-Aranha da animação de 1994) concebido no filme original, um híbrido humano e extraterrestre que ainda não controla bem os seus poderes alienígenas.



Além disso, pai e filho tentam descobrir o paradeiro de Jenny (Ering Gray, de "Buck Rogers no Século XXV") - a mãe do Júnior - enquanto fogem de um fundamentalista agente do governo americano obcecado em capturar os extraterrestres, apesar de todas as boas acções que praticam.


A recepção de público e crítica não foi entusiasmante, e ao fim de uma temporada de 22 episódios foi cancelada.


Texto original publicado no Tumblr da Enciclopédia de Cromos: "StarMan (1986-87).



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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O Clone (2001-02)


por Paulo Neto

No início do século XXI, mesmo com a fábrica de telenovelas nacionais da TVI em plena marcha, algumas telenovelas brasileiras da Rede Globo exibidas na SIC ainda obtiveram bastante sucesso, como foi o caso de "O Clone", estreada no Brasil a 1 de Outubro de 2001 e em Portugal já em 2002. Por coincidência, a telenovela estreou no Brasil durante um período onde dois dos principais temas - a cultura muçulmana e a clonagem - estavam na ordem do dia já que a novela estreou poucas semanas após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque e Washington, e em Novembro do mesmo ano, o médico italiano Severino Antinori anunciou que estava a trabalhar na primeira clonagem de um ser humano.



A telenovela era da autoria de Glória Perez e direcção de Jayme Monjardim. Além de características habituais como a abordagem a temas fracturantes e/ou preocupantes da sociedade actual e a divulgação dos costumes de um povo ou comunidade, com "O Clone", Glória Perez iniciou mais uma característica típica que continuaria nas suas telenovelas seguintes: a de uma realidade internacional alternativa onde em qualquer país todos falam português do Brasil fluentemente. Neste caso, em Marrocos, todos eram versados no idioma de Vinícius de Moraes.

Lucas e Jade


A trama de "O Clone" inicia-se em 1983 e estende-se até à então actualidade e passava-se entre o Rio de Janeiro e a cidade marroquina de Fez. Os protagonistas eram Giovanna Antonelli e Murilo Benício, que se desdobrou entre três papéis: os gémeos Diogo e Lucas, e Léo, o clone do título.
Jade (Antonelli) é uma bela muçulmana nascida e criada no Brasil que se muda para Fez após a morte da sua mãe, ficando à guarda do seu tio Ali (Stênio Garcia). Jade tem dificuldades em se adaptar às regras rigorosas do tio, que defende os costumes e tradições muçulmanas contra a influência ocidental, mas acaba por ficar muito amiga da sua prima Latiffa (Letícia Sabatella) e da governanta Zoraide (Jandira Martini).

Os irmãos gémeos Diogo e Lucas (Benício), filhos do abastado empresário Leônidas (Reginaldo Faria), chegam à cidade marroquina, onde ficam fascinados com o misticismo do local e as paixões que ele desperta. Diogo, o gémeo dominante que está prestes a suceder ao pai nos negócios, envolve-se com madura e sensual Ivete (Vera Fischer) enquanto Lucas se apaixona por Jade. O amor de ambos não é aceite pela família da jovem, que está noiva de Said (Dalton Vigh), e depois de muitas tentativas de fuga falhadas, os dois acreditam que não estão destinados a ficar juntos e desistem de lutar.

Leônidas e Ivete

Entretanto Diogo morre num acidente de avião após uma discussão com o pai ao descobrir que este namora com Ivete. Motivado pela tristeza de Leônidas pela sua perda, o cientista Augusto Albieri (Juca de Oliveira) decide criar um clone com o ADN de Lucas. A experiência é bem sucedida, através de uma inseminação artificial em Deusa (Adriana Lessa), uma mulher que pretende engravidar e que dá à luz um rapaz chamado Leandro, mais conhecido como Léo, que cresce sem saber que é o primeiro clone humano.

Léo e Albieri
Deusa



Os anos passam e Jade e Lucas viveram infelizes longe um do outro. Jade teve uma filha de Said, Khadija (Carla Diaz) e sofre com a dureza de Said, que mesmo apaixonado pela esposa, nunca se conformou por ela amar outro e trata-a com severidade, e nem quando Said arranja uma segunda esposa, Ranya (Nívea Stelmann), ou com a mudança da família para o Brasil a situação se altera.
Já Latiffa casou com Mohamed (António Calloni), irmão de Said e teve dois filhos, Samira (Stephany Brito) e Adim (Thiago de Oliveira) e é feliz no seu papel de esposa e mãe muçulmana. Só fica fora do sério quando o marido ou a cunhada solteirona Nazira (Eliane Giardini) falam na ideia de uma segunda esposa.
Jade, Khadija e Said
Samira, Mohamed, Latiffa e Amin


Lucas assumiu contrariado o lugar do irmão casando mesmo com a namorada deste, Maysa (Daniela Escobar) de quem teve uma filha Mel (Débora Fallabella). Reflexo do casamento infeliz dos pais, Mel é uma jovem problemática que acaba por cair na droga, que a arrastará para uma espiral dolorosa, mesmo depois de se apaixonar por Xande (Marcelo Novaes), que tinha sido contratado como seu guarda-costas. O problema da toxicodependência foi vivido por outras personagens: Nando (Thiago Fragoso), um jovem com uma carreira promissora de advogado a quem a droga deita quase tudo a perder, Regininha (Viviane Victorette), amiga de Mel que acaba por falecer, e Lobato (Osmar Prado) que luta há vários anos contra a dependência ao álcool e cocaína.

Maysa


Xande e Mel

Ao fim de muitos anos, Jade e Lucas reencontram-se e o amor que ambos julgavam extinto reacende-se, ainda que as dificuldades sejam maiores que nunca. Além disso, além de Said, existem mais outros dois apaixonados por Jade: o garboso Zein (Luciano Szafir) e o clone Léo, ou não tivesse ele o  ADN de Lucas.

Zein

Karla

Odete

Alicinha



Entre outras personagens contam-se Edna (Nívea Maria), a amargurada esposa de Albieri; Alicinha (Cristiana de Oliveira) uma mulher pérfida e dissimulada; Miro (Raúl Gazolla), namorado de Alicinha e objecto de desejo de Nazira; Karla (Juliana Paes), jovem sensual e oportunista que planeia um golpe de maternidade em Tavinho (Victor Fasano); Abdul (Sebastião de Vasconcellos), um muçulmano ultraconservador que abomina as mulheres "espetaculosas"; Odete (Mara Manzan), uma excêntrica comedora de fogo com o seu bordão "cada mergulho é um flash" e Dona Jura (Solange Couto), mãe de criação de Xande e dona do bar no bairro de São Cristóvão, também ela com um bordão popular: "Não é brinquedo, não!".


Dona Jura

Nazira


"O Clone" contou ainda com a participação da actriz portuguesa Maria João Bastos no papel de Amália, uma jovem e elegante jornalista que a certa altura disputa Leônidas com Yvete, mas que acaba com Cecéu (Sérgio Marone). Além disso muitas personalidades da cultura e do desporto apareceram na telenovela, sobretudo no Bar da Jura, como o rei Pelé, Roger (que na altura jogava no Benfica), Ronaldinho Gaúcho, Dunga, Jairzinho, o basquetebolista Óscar Schmidt, os cantores Alcione e Martinho da Vila e a apresentadora Ana Maria Braga. E até mesmo estrelas internacionais da música como o italiano Alessandro Safina e o americano Michael Bolton, que tinham músicas suas na banda sonora da telenovela.

Amália e Leônidas
Pelé e Roger


Com os acontecimentos do 11 de Setembro, temeu-se que a telenovela não fosse bem aceite pelo público, já que um dos núcleos principais era com personagens muçulmanas. No entanto, tal não veio acontecer e pelo contrário, não só "O Clone" foi um sucesso como aumentou interesse sobre a cultura muçulmana em vários países onde foi exibida. Por exemplo, no Brasil, popularizaram-se algumas expressões árabes como Inshalah e Maktub, bem como instrumentos típicos árabes. Em Portugal, a telenovela suscitou uma grande procura por aulas de dança do ventre e viu-se nas feiras e nas lojas de roupas alguns adereços de inspiração árabe como túnicas e faixas com berloques de atar à cintura.



Outro grande factor do sucesso da telenovela foi par protagonista e tal foi a química entre Murilo Benício e Giovanna Antonelli que se tornou mais um caso de uma química que extravasou para fora das câmaras, para uma relação que durou quatro anos e que gerou um filho em comum. (Curiosamente, a anos mais tarde Benício namorou com Débora Fallabella, que fazia de sua filha em "O Clone" e cujo romance começou em "Avenida Brasil".)   

Capa da banda sonora internacional
Capa do álbum com músicas de dança do ventre

"O Clone" também notabilizou-se por produzir oito (!) álbuns de bandas sonoras: além dos dois habituais volumes com os temas nacionais e internacionais da telenovela, também foi editado um álbum com músicas de dança do ventre, dois álbuns com temas instrumentais da autoria de Marcus Vianna, um álbum com a música tocada no bar da Dona Jura, outro com a música lounge da discoteca Nefertiti e um com temas utilizados na versão transmitida em Espanha e na América Latina.    

Genérico do abertura:











quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

"Freedom '90" George Michael (1990)

por Paulo Neto

Ao falecer no passado dia de Natal, o nome de George Michael foi acrescentado à lista da enorme ceifa de celebridades do ano de 2016. Despedia assim deste mundo um dos maiores nomes da música pop das décadas de 80 e 90. (Não será exagero dizer que apenas Madonna e Michael Jackson estiveram num patamar superior ao de George nos anos 80.) O David Martins já lhe prestou aqui homenagem falando de "Last Christmas", um dos maiores sucessos dos Wham! e uma das mais lendárias músicas natalícias da era moderna, e hoje pretendo abordar um dos temas mais marcantes da sua carreira a solo.
Em 1990, George Michael estava disposto a deixar para trás a sua imagem de ídolo pop para se fazer notar mais pelo seu talento como intérprete e compositor. Depois do sucesso do seu primeiro álbum a solo "Faith" (1987), o álbum seguinte "Listen Without Prejudice vol. 1" marcou uma viragem no seu repertório, com sonoridades mais acústicas e melancólicas. (Um "volume 2", com sonoridades mais dançáveis esteve tentativamente previsto para 1991, mas nunca se concretizaria). Apesar das boas críticas, o álbum vendeu bastante menos que o predecessor (pelo menos nos Estados Unidos) e tudo terminaria numa longa e penosa batalha legal entre George Michael e a Sony Music. 


O álbum continha belíssimas baladas como "Praying For Time" (cujo videoclip pode-se considerar um dos primeiros lyric videos) mas aquela que se tornou a faixa mais famosa de "Listen Without Prejudice" é uma das mais dançáveis dos disco. "Freedom '90" (o "90" foi acrescentado para não se confundir com o tema dos Wham! também intitulado "Freedom"). Nele George Michael canta em como aproveitou os tempos em que era o ídolo das miúdas e estava nos píncaros do sucesso, mas que entretanto se tornou mais cínico quanto à indústria musical e que agora pretende fazer o que quer e como quer e não o que os outros pretendem, abraçando uma nova liberdade, culminando no explosivo refrão: "Freedom! Freedom! Freedom! You gotta for what you take!"

Mas é claro que a canção é sobretudo lembrada pelo videoclip, realizado por David Fincher, hoje um respeitadíssimo realizador de cinema ("Sete Pecados Mortais, Clube de Combate", "O Estranho Caso de Benjamin Button"), onde no que parece ser uma mansão algo decrépita, quase pós-apocalíptica, dez pessoas fazem o playback da canção, sendo que: a) George Michael não aparece no vídeo, b) os cinco homens que aparecem no vídeo são modelos e c) as cinco mulheres que aparecem no vídeo são supermodelos. Ou não estivéssemos no princípio da era dourada das top models.


As cinco supermodelos que surgem em "Freedom '90" são a camaleónica Linda Evangelista (que aqui está loura platinada), a eterna diva Naomi Campbell, a elegantérrima Christy Turlington, a sensual Cindy Crawford (que sim, estava toda nua quando foi filmada na banheira) e a alemã Tatjana Patitz, que com 1,80m era a mais alta das cinco. 


Mas também há que falar dos modelos masculinos que eram: John Pearson (o que está no sofá, com um blusão de cabedal e que é como que um George Michael substituto), Mario Sorrenti (o que está deitado no chão a acender e apagar um candeeiro, que mais tarde viria a ser um conhecido fotógrafo), Scott Benoit (o que está no chuveiro), Todo Segalla (o que está pendurado de pernas para o ar) e Peter Formby (o que está sentado debaixo de uma lareira vazia e que atira um avião de papel).

O videoclip de "Freedom '90" continha também um paralelismo com o videoclip de "Faith", a faixa-título do álbum anterior. Se no início de "Faith" é visto um disco de vinil a começar a ser tocado numa jukebox, em "Freedom" a música começa quando Linda Evangelista liga uma aparelhagem e o CD do álbum começa a tocar. Além disso, três objectos que apareciam proeminentemente em "Faith" - um blusão de cabedal, uma guitarra e a dita jukebox - são destruídos quando se ouve "Freedom!". 

Em 1996, Robbie Williams versionou a canção para o seu primeiro single após ter deixado os Take That, sentindo-se identificado com a letra. A versão de Williams foi criticada como quase sendo uma interpretação de karaoke e até o próprio admitiu que não se orgulhou muito da versão, não a tendo incluído no seu primeiro álbum. Não foi o começo mais fulgurante da sua carreira a solo, mas Williams não tardaria a mostrar que era capaz de bem melhor.




Entretanto a versão de George Michael tem sido amplamente usada no cinema e na televisão ("A História de uma Abelha", "Declaro-vos Marido e Marido", "It's Always Sunny In Philadelphia") e George Michael interpretou o tema na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, naquela que viria a ser uma das suas últimas actuações ao vivo.



Quando questionadas sobre o videoclip, Linda Evangelista afirma que ainda hoje quando as pessoas a conhecem falam do vídeo (ela entraria noutro vídeo de George Michael, "Too Funky") e Cindy Crawford referiu certa vez que com o passar dos tempos, descobriu algum humor negro no facto de uma canção ser vendida por aparecerem dez caras bonitas em vez do cantor que realmente a canta.  

 

Renault Clio (1992)



Embalado com uma banda sonora para fazer bébés*... um violento arrufo de namorados e posterior fazer de pazes que só não fica mais intenso porque o anúncio acaba...




Vídeo digitalizado por CinemaXunga.
Editado por EnciclopédiaTV.
*Música:  "When a Man Loves a Woman" - Percy Sledge.

Gostava apenas de comparar com outra publicidade do mesmo ano, com o "Adão e Eva" automaticamente transformados em seres civilizados assim que entram no Clio:


Aliás há uma série de vídeos do Clio "Made in Paradise": Em 1991, 1993, 1994. Bem diferentes do de 1990, com uma espécie de Transformer vermelho. Aliás, o Lusitania TV tem uma gravação da versão portuguesa:


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Sabrina, a Bruxinha Adolescente (1996-2003)


Sabrina, The Teenage Witch - “Sabrina, a Bruxinha Adolescente” (”Sabrina, A Aprendiz de Feiticeira” no Brasil) - quase tão poderosa como a adulta Sabrina - já anda entre nós - humanos comuns - desde o inicio dos anos 60, na forma de banda desenhada; e nos pequenos ecrãs na série animada dos anos 70 feita pela clássica Filmation (Sport Billy, He-Man, Flash Gordon, etc).


Mas só em 1996 foi transformada - não por bruxaria - numa sitcom de imagem real, que estreou em 27 de Setembro de 1996, precedida alguns meses pelo telefilme homónimo [podem ver no Youtube].




A miúda Sabrina (Melissa Joan Hart, com 20 anos a fazer de 16) era gira e divertida de ver, mas o meu elemento favorito era o sarcástico gato preto Salem (um  feiticeiro transformado em gato por castigo de tentar conquistar o Mundo, com a voz de Nick Bakay), e o meu “desporto” consistia em tentar identificar quando estavam a utilizar um gato real ou o fantoche.


Nota: Não era nada complicado….


Em 2000, já com as audiências a baixar trocou de canal, mas só se aguentou três anos, totalizando 7 temporadas e um total de 163 episódios, a que se somam mais 2 telefilmes e uma nova série animada. Entre nós, várias temporadas passaram na RTP-2, antes da hora do jantar.


Genéricos:


Sabrina com as tias, as bruxas centenárias Hilda (Caroline Rhea) e Zelda (Beth Broderick):




Texto original publicado no Tumblr da Enciclopédia: Sabrina, The Teenage Witch (1996-2003).


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