quarta-feira, 4 de abril de 2018

Por Amor (1997-98)


por Paulo Neto





Já algum tempo que não falamos de telenovelas, por isso hoje recordamos "Por Amor", a telenovela brasileira onde as actrizes Regina Duarte e Gabriela Duarte desempenharam na ficção os papéis que já faziam na vida real, o de mãe e filha. A telenovela exibida no Brasil e em Portugal entre 1997 e 1998 teve várias outras particularidades: Regina Duarte voltou a ser uma Helena numa telenovela de Manoel Carlos, autor que dá sempre esse nome às protagonistas das suas novelas, depois de já o ter feito antes em "História de Amor" (e voltaria em 2006 para uma terceira Helena em "Páginas Da Vida"); foi a telenovela que na altura que estreou em Portugal (10 de Novembro 1997) com menos tempo de diferença da estreia no Brasil (13 de Outubro do mesmo ano); e no mesmo dia da sua estreia em Portugal, a SIC estreou outra telenovela "Anjo Mau". Porém ao contrário do Brasil, "Por Amor" começou no horário da tarde e "Anjo Mau" no horário nobre. No entanto, devido ao sucesso da telenovela por cá e também por abordar algumas temáticas algo pesadas para uma telenovela da tarde, "Por Amor" acabaria por transitar também para o horário da noite.

Como o título indica, a premissa da telenovela era sobre tudo aquilo que se pode fazer por amor, levantando questões como se o amor justifica certo actos extremos, que se podem considerar imorais e sem ética, se demasiado amor pode ser prejudicial ou onde se traça a linha entre o amor e a obsessão. Questões essas com que várias personagens se deparam ao longo da trama.

Helena e Maria Eduarda (Regina e Gabriela Duarte)


Helena (Regina Duarte) e Maria Eduarda (Gabriela Duarte) são mais que mãe e filha, são verdadeiras amigas, companheiras e confidentes. Mulher independente e batalhadora, Helena gere um atelier de decoração. Maria Eduarda herdou a inteligência e ternura da mãe, porém é imatura e insegura. Para além de renegar o seu pai Orestes (Paulo José) devido ao seu alcoolismo, a jovem sofre de ciúmes na sua relação com o seu noivo Marcelo (Fábio Assunção). Se bem que tenha alguns motivos por isso, pois Laura (Viviane Pasmanter), a ex-namorada de Marcelo, não se conforma com o fim da relação e faz de tudo para separar o casal.

Marcelo (Fábio Assunção) e Edurda (Gabriela Duarte)
Atílio (António Fagundes) e Helena (Regina Duarte)

Meg (Françoise Fourton) e Laura (Viviane Pasmanter)

César (Marcelo Serrado)



Antes do casamento com Marcelo, Eduarda viaja com a mãe para Veneza onde conhecem o arquiteto Atílio (António Fagundes). Entre este e Helena surge logo uma grande paixão, e os dois casam-se. Mãe e filha acabam por engravidar ao mesmo tempo e dar à luz no mesmo dia, mas enquanto Helena, apesar da idade, dá à luz um filho saudável, o parto de Eduarda corre mal: o bebé não sobrevive e o seu útero tem de ser removido, impedindo-a de voltar a engravidar. É então que Helena toma uma decisão que vai marcar toda a telenovela: para poupar a filha do choque de nunca poder voltar a ser mãe, decide trocar os bebés com a ajuda de César (Marcelo Serrado), um médico e eterno apaixonado de Eduarda. Esta acaba por criar o seu irmão, a quem dá o nome do marido, como se fosse seu filho. Mas esta decisão acaba por ser fatal para o casamento de Helena e Atílio.

Branca (Suzana Vieira)
Leonardo (Murilo Benício) e Arnaldo (Carlos Eduardo Dollabella)


Além de Isabel (Cássia Kiss), por quem Atílio trocou por Helena, quem não se conforma com esta união é Branca (Suzana Vieira), mãe de Marcelo, que é a vilã principal. Apesar do longo casamento de aparências com Arnaldo (Carlos Eduardo Dollabella), Branca foi sempre apaixonada por Atílio com quem teve no passado uma relação secreta. Por detrás da sua imagem de mulher elegante e refinada, existe uma mulher amarga e cruel com aqueles de que não gosta, como Helena e Eduarda. Além disso, não esconde que Marcelo é o seu filho preferido e despreza os outros dois, a rebelde Milena (Carolina Ferraz) e sobretudo o sensível Leonardo (Murilo Benício). O seu favoritismo é devido à certeza de que Marcelo é filho de Atílio, mas mais tarde vem-se descobrir que na verdade ele é pai de Leonardo.

Milena (Carolina Ferraz) e Nando (Eduardo Moscovis)


O par romântico que mais apaixonou o público foi o de Milena com Nando (Eduardo Moscovis), um piloto de helicópteros. Os dois enfrentam as diferenças de classe social e todos os esforços de Branca para os separar (chegando a fazer mesmo com que o rapaz seja incriminado por tráfico de droga) em nome desse amor, que acabará por vencer. (Contudo na vida real, Carolina Ferraz acabou a namorar com Murilo Benício, que fazia de seu irmão.)

No final, Eduarda descobre a verdade sobre a troca dos bebés e revolta-se contra a mãe. No entanto, a cena final mostra Helena reconciliada tanto com a filha como com Atílio. Além de adoptarem uma menina, Eduarda e Marcelo acabam por ficar com a guarda dos filhos de Laura. Esta, cada vez mais tresloucada, aproveitou uma noite de embriaguez de Marcelo para engravidar dele, dando a luz um casal de gémeos, aproveitando-os para infernizar ainda mais Eduarda. No entanto, Laura e Nando têm um acidente de helicóptero do qual apenas o rapaz se salva. Já Branca acaba sozinha e abandonada por todos, menos pela sua fiel empregada Zilá (Stella Maria Rodrigues).

Orestes (Paulo José) e Lídia (Regina Braga)


Sandrinha (Cecília Dassi)
Juliana (Larissa Queiroz), Rafael (Odilon Wagner)
e Virginía (Ângela Leal)


Entre outras tramas paralelas, existe o drama de Orestes, que casou novamente com Lídia (Regina Braga), mãe de Nando, de quem teve outra filha, a adorável e precoce Sandrinha (Cecília Dassi), só que nem com o apoio e devoção da mulher e da filha consegue vencer o alcoolismo, ou o de Márcia (Maria Ceiça), uma jovem negra que enfrenta o preconceito do seu namorado Wilson (Paulo César Grande) a quem nem o facto de estar numa relação inter-racial o demove de atitudes racistas. Particularmente marcante foi a história de Virgínia (Ângela Vieira), irmã de Helena, que vê o seu sólido e apaixonado casamento com Rafael (Odilon Wagner) desmoronar quando o marido se apaixona por Alex (Beto Nasci), um homem mais novo, revelando a sua bissexualidade.

Catarina (Carolina Dieckman), Márcia (Maria Ceiça)
e Sirléia (Vera Holtz)

Outras personagens de destaque são a ambiciosa Catarina (Carolina Dieckman) que sonha em ser modelo e actriz, Flávia (Maria Zilda Bethlen), amiga e sócia de Helena e secretamente também interessada em Atílio, e Genésio (Ricardo Macchi) o jardineiro galã que deixa toda as mulheres do bairro em polvorosa, em especial a acesa Magnólia (Elizângela). Do elenco ainda fizeram parte nomes como Otávio Augusto (Pedro), Rosane Gofman (Tadinha), Françoise Forton (Meg), Ricardo Petraglia (Trajano), Vera Holtz (Sirleia), Marco Ricca (Nestor), Heloísa Mafalda (Leonor) e Ângelo Paes Leme (Rodrigo). Foi também a primeira vez que Júlia Almeida, filha do autor, participou como actriz numa telenovela do pai, no papel de Natália, irmã de Laura.

Apesar do sucesso da telenovela, sobretudo devido ao excelente elenco e à trama cativante de Manoel Carlos, "Por Amor" teve a sua dose de críticas, sobretudo devido ao acontecimento mais marcante da história, a troca dos bebés. Grande parte do público achou o acto de Helena e César tinha mais de caso de polícia do que de acto de amor. Também foram apontadas as inverosimilhanças sobre o facto de mais ninguém no hospital ter dado pela troca ou por Helena escrever os seus segredos, incluindo o da troca, num diário sem cadeado que estava à vista de todos.
Mas a principal antipatia do público foi contra a personagem Maria Eduarda, cuja imaturidade e prepotência irritou bastante as audiências no início da telenovela, ao ponto de ter sido criado um site chamado "Eu Odeio a Eduarda" e de ter havido petições a pedir a morte da personagem ao autor. Este porém optou pelo amadurecimento e desenvolvimento da personagem, que acabou por convencer na recta final.

De referir ainda que a banda sonora da telenovela não só continha o tema "Se Eu Fosse Um Dia O Teu Olhar" de Pedro Abrunhosa na versão espanhola como em Portugal, o genérico final era transmitido ao som de "Brincando Com O Fogo" de Rita Guerra e Beto, que o genérico continha fotos reais de Regina e Gabriela Duarte ao longo dos anos e que foi a última telenovela do célebre realizador Paulo Ubiratan, que faleceu quando "Por Amor" estava a ser rodada.


Genérico:





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